terça-feira, 6 de março de 2012

Diretrizes Diocesanas - Pastoral da Juventude

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1.3.1 – PASTORAL DA JUVENTUDE

Conhecer os jovens é condição prévia para evangelizá-los. Não se pode amar nem evangelizar a quem não se conhece[15]Nós falamos do que vimos e ouvimos. Quem não crer, que experimente! Pe. Florisvaldo Orlando.
Justificativa
Chamado, Identidade e Missão da Pastoral da Juventude[16]
A proposta da Pastoral da Juventude é evangelizar os jovens, motivando-os e cativando-os, tornando a missão evangelizadora cada vez mais atraente aos seus olhos, concretizando a opção pelas juventudes; conduzindo-os a descobrirem a importância de ser PJ. No entanto, o nosso maior desafio é despertar novos jovens e novas vocações. E é através do testemunho das lideranças jovens que podemos superar esse desafio; porém, só o testemunho não basta. O que as lideranças necessitam hoje é da formação integral, que desperte os jovens para esse serviço.
A PJ é um dos meios no qual os jovens se percebem como protagonistas de sua história, ou seja, comprometem-se historicamente com sua sociedade. São tarefas principais: trabalhar a realidade das juventudes em função da construção de uma nova sociedade, despertar a vivência e o compromisso com a comunidade, que se dá no encontro dos jovens com o Cristo e contribui no encontro com Deus, na adesão de vida em comunidade e no serviço libertador aos irmãos, através da educação na fé.
É preciso perceber o chamado e a identidade da PJ; a missão dos seus membros é seguir Cristo, ser seus discípulos missionários, despertar novas lideranças, formar novos grupos, ajudar no florescimento espiritual e afetivo, investir na capacitação das juventudes.
O período da juventude é o tempo do descobrimento particularmente intenso do "eu" humano e das propriedades e capacidades que ele encerra. É o tempo de descobrir e programar, de eleger e assumir as primeiras decisões. O jovem do Evangelho está em fase de decisão e de eleição de sua vida. Daí as perguntas que faz a Jesus: "Que tenho que fazer para viver em plenitude, para que minha vida tenha pleno sentido?" (Mc 10,17).
Os jovens podem trazer força e energia de vida nova e a possibilidade de renovação da Igreja e da sociedade. Por isso a necessidade de a nossa Igreja Particular se aproximar deles, colaborando mais ativa e efetivamente na conscientização de cristãos comprometidos, capazes de humanizar a sociedade.
A necessidade de uma concreta opção por uma pastoral juvenil orgânica e bem estruturada nasce da importância de se assumirem as dimensões da verdade, como resposta à realidade dos jovens hoje: a verdade sobre Jesus Cristo, a verdade sobre a Igreja e a verdade sobre o ser humano.

Objetivo Geral

Despertar os jovens para a pessoa e a proposta de Jesus Cristo, desenvolvendo com eles um processo global de formação, a partir da fé, para formar líderes capacitados/as a agir na comunidade, na própria PJ e em outros ministérios da Igreja, em diferentes meios como a escola, a universidade e a zona rural, comprometidos/as com a libertação integral da pessoa e da sociedade, levando uma vida em comunhão e participação[17].


Objetivos Específicos
·         Ajudar os/as jovens a amadurecer como pessoa humana, por meio de uma autêntica vivência do Evangelho;
·         Animar, incentivar, dinamizar, capacitar e acompanhar todos os grupos da PJ de cada comunidade, em comunhão com o bispo, os padres, religiosos/as e leigos engajados na ação pastoral, com criatividade e audácia evangélica;
·         Avaliar permanentemente a ação;
·         Contribuir para que os jovens sejam protagonistas da construção da Civilização do Amor, sinal do Reino definitivo e de esperança para as juventudes na promoção da vida;
·         Criar espaços de participação das juventudes na Igreja e na sociedade, incentivando, fortalecendo e implementando uma formação para o exercício militante da cidadania e que responda às necessidades concretas da vida dos jovens;
·         Fortalecer a ação missionária das lideranças jovens junto a outros jovens, no respeito à realidade e diversidade das juventudes, através das missões jovens;
·         Fortalecer a Igreja Libertadora, a partir do encontro com o Cristo Ressuscitado, acolhendo os jovens na comunidade eclesial, percebendo-os como sinal da jovialidade de Deus;
·         Garantir a fidelidade aos objetivos e princípios da PJ, mantendo a memória histórica da caminhada;
·         Impulsionar os/as jovens a protagonizar sua missão evangelizadora;
·         Incentivar uma organização juvenil a serviço da missão;
·         Possibilitar e acompanhar os jovens no descobrir, ouvir, seguir e comprometer-se com um projeto de vida integrado com a fé e fortalecido por uma espiritualidade madura;
·         Possibilitar o crescimento e o aprofundamento da fé para maior comunhão com Deus, com as pessoas e com todas as criaturas;
·         Tornar conhecida e assumida a proposta da PJ em toda a Igreja Diocesana;
·         Vivenciar e promover uma espiritualidade juvenil libertadora a partir da Palavra de Deus.

Fundamentação
Para a vida ser vinho e não água,
 nada melhor que jarras enormes cheias de juventude[18].

Reunidos em Medellín, em 1968, na II Conferência Geral do Episcopado Latino Americano, os bispos constataram: “A juventude constitui não somente o grupo mais numeroso da sociedade latino-americana, como também uma grande força nova de pressão. Ela se apresenta como um novo corpo social, portador de idéias próprias e valores inerentes ao seu próprio dinamismo interno[19]”.
Em 1979, em Puebla, na III Conferência Geral, os bispos acrescentaram: “A juventude não é só um grupo de pessoas de idade cronológica. É também uma atitude frente à vida, numa etapa não definida, mas transitória. Possui características muito próprias: um inconformismo que tudo questiona; uma capacidade criadora com respostas novas para o mundo em transformação, que aspire a sempre melhorar em sinal de esperança[20]”.
Em Santo Domingo, na IV Conferência Geral do Episcopado Latino Americano, em 1992, ampliam essa visão, ao afirmar que “muitos jovens são vítimas do empobrecimento e da marginalização social, do desemprego e do subemprego, de uma educação que não responde às exigências de suas vidas, do narcotráfico, de abusos sexuais. Muitos vivem adormecidos pela propaganda dos meios de comunicação social e alienados por imposições culturais e pelo pragmatismo imediatista que tem gerado novos problemas no processo de amadurecimento dos adolescentes e dos jovens[21]”.
Na V Conferência Geral do Episcopado Latino Americano e do Caribe, em Aparecida, em 2007, os bispos enfatizam a importância da PJ, quando reafirmam e acrescentam: “Renovar, em estreita união com a família, de maneira eficaz e realista, a opção preferencial pelos jovens, em continuidade com as Conferências Gerais anteriores, dando novo impulso à PJ nas Comunidades Eclesiais (Dioceses, Paróquias, Movimentos etc). E a PJ ajudará os jovens a se formar de maneira gradual, para a ação social e política e a mudança de estruturas, conforme a Doutrina Social da Igreja, fazendo própria a opção preferencial e evangélica pelos pobres e necessitados[22]”.
A Evangelização da Juventude foi tema central da 44ª Assembléia Geral da CNBB, realizada em Itaici-SP, em maio de 2006. “Tendo procurado escutar e compreender os gritos e clamores dos jovens que a Igreja é chamada a evangelizar na atualidade, é necessário olhar com a fé e à luz da Palavra da Igreja o caminho evangelizador a ser percorrido, a partir do objetivo geral da ação evangelizadora da Igreja no Brasil, ponto de referência de toda a ação pastoral”.
Ser cristão significa conhecer a pessoa de Jesus Cristo, fazer opção por Ele, unir-se a tantos outros que também o encontraram e, juntos, trabalhar pelo Reino e por uma nova sociedade. A evangelização das juventudes passa por alguns eixos temáticos, a saber, o seguimento de Jesus Cristo, a Igreja, a comunidade dos seguidores de Jesus e a construção de uma sociedade solidária. A Igreja, consciente de sua missão, oferece seu ensinamento a respeito das juventudes e de sua evangelização[23].
Na 46ª Assembléia Geral da CNBB, realizada em Itaici-SP, em abril de 2008[24], a temática juvenil se mantêm presente: “Torna-se urgente renovar a opção afetiva e efetiva[25] de toda a Igreja pela juventude na busca conjunta de propostas concretas capazes de acolher a pluralidade de pastorais, grupos, movimentos e serviços, incentivando os jovens a, fraterna e solidariamente, evangelizar os próprios jovens[26], comprometendo-se, junto aos mais diversos ambientes, com a construção de um mundo cada vez mais próximo do Reino de Deus. Em todo o trabalho evangelizador com a juventude, haverão de se considerar as ricas indicações do Documento Evangelização da Juventude”.

Desafios e perspectivas pastorais, segundo a 45ª Assembléia Geral:
a.       Ajudar os jovens a assumir a opção preferencial pelos pobres.
b.       Estimular a pastoral no mundo universitário, nas suas mais diversas formas, visando à formação de profissionais éticos e de futuras lideranças sociais e políticas;
c.       Garantir a formação integral no planejamento e no processo de evangelização em todos os segmentos eclesiais que trabalham com as juventudes;
d.       Garantir assessores que acompanhem, na Diocese, a PJ e o SJ;
e.       Garantir o acompanhamento de programas que contribuam com a construção do projeto pessoal de vida, com o devido discernimento e amadurecimento vocacional;
f.         Privilegiar processos de educação e amadurecimento na fé, com atenção à espiritualidade, formando os jovens, de maneira gradual, para a missão, a ação política e a transformação do mundo;
g.       Promover e valorizar projetos e processos de educação aos valores, principalmente a educação para o amor;
h.       Propiciar capacitação profissional, apoio humano e comunitário, ajudando os jovens a não cair no mundo da droga, da violência e da criminalidade;
i.         Valorizar o potencial missionário dos jovens para que sejam verdadeiros protagonistas na evangelização.
        
Para garantir a busca desses objetivos, a estrutura da PJ apresenta-se como segue:
·         Equipe de Assessores – constituída pelos assessores regionais animados pelo padre assessor indicado pelo bispo diocesano, em comunhão com as lideranças jovens;
·         Equipe de Coordenação – constituída por um colegiado de 03 (três) representantes de cada região pastoral;
·         Equipes de Coordenação e Assessoria regionais que acompanham a organização diocesana;
·         Pequenos grupos de base – geradores do processo da educação na fé, com presença atuante do/a assessor/a e do/a coordenador/a.

Promover a Dignidade da Pessoa
Procuramos fazer com que os jovens cresçam integralmente, sendo desta forma pessoas éticas, democráticas, participativas, fiéis, comprometidas com a construção da Civilização do Amor.
Queremos que os jovens, a exemplo de Maria, dos Apóstolos e de tantos cristãos, descubram em Cristo a imagem do Homem Novo à qual fomos configurados pelo Batismo.

Pistas de Ação
·         Apoio aos movimentos eclesiais e suas pedagogias, suas riquezas carismáticas, educativas e missionárias para o serviço da Igreja Local;
·         Capacitação sistemática e processual dos jovens para o mundo do trabalho;
·         Considerar a organização a serviço da missão;
·         Diálogo com todas as formas organizativas, construindo a unidade e promovendo a comunhão eclesial;
·         Formação humano-afetiva e espiritual para o desenvolvimento da personalidade e para o discernimento da opção vocacional especifica: o sacerdócio, a vida consagrada ou o matrimônio;
·         Formação permanente e preventiva quanto aos riscos nefastos das drogas e da violência;
·         Peregrinações, nas Jornadas Nacionais e Mundiais da Juventude, com a devida preparação espiritual e missionária, e com a companhia de seus pastores;
·         Proposição aos jovens do encontro com Jesus Cristo e seu seguimento na Igreja, à luz do Plano de Deus, para a realização plena de sua dignidade de ser humano.

Renovar a Comunidade
O crescimento dos jovens deve levá-los à ação missionária intereclesial e “ad gentes”, pelo testemunho e protagonismo junto a outros jovens. Esse testemunho nutre-se na liturgia sacramental, que é fonte vital de fraternidade humana e expressão da fé, e pela qual a vida dos jovens confronta-se com os valores do projeto de Deus, que é o seu Reino.
Com essa experiência da celebração e da missão, os jovens renovam a própria Igreja. Neste ponto, têm uma grande contribuição a oferecer, despertando outros jovens, colaborando reciprocamente no amadurecimento da vida eclesial e evitando o risco de isolamento em grupos fechados. Abertos à comunidade, os jovens educam-se e aprofundam sua compreensão do mundo, num dialogo franco e aberto com os que são diferentes deles. Para tudo isso, os jovens precisam encontrar apoio e vigor numa profunda vivência eclesial.

Pistas de Ação
·         Criação de pequenos grupos dinamizadores dos processos de educação na fé, à luz das primeiras comunidades cristãs, pelas quais os jovens se sintam parte integrante da comunidade eclesial;
·         Incentivo às missões jovens protagonizadas pelos grupos da PJ e de pastorais afins
·         Incentivo, acolhimento e apoio, por parte das paróquias e comunidades às atividades dos jovens, sobretudo o Dia Nacional da Juventude celebrado na Diocese;
·         Assessoria qualificada espiritual, profissional e socialmente, por parte de clérigos, religiosos, leigos adultos e jovens, para o acompanhamento e formação dos jovens presentes nas comunidades eclesiais;
·         Produção e distribuição de subsídios adequados para cursos de assessoria, coordenação e animação do processo formativo e da missão dos jovens da PJ.

Construir uma Sociedade Solidária
Queremos construir uma sociedade justa, solidária e fraterna que, baseando-se na vivência dos valores evangélicos, tenha em real apreço a promoção de vida plena para todos, como saúde, moradia, educação e segurança.
Acreditamos numa sociedade onde a participação religiosa e política se soma na construção do Reino, pois acreditamos que há pessoas capazes de criar um modelo sociopolítico, econômico e religioso que supere as causas do atual sistema capitalista de exploração.

Pistas de Ação
·         Assunção e proposição dos projetos da PJ e dos movimentos juvenis, como alternativas para a construção da Civilização do Amor;
·         Inserção em organizações civis e movimentos sociais que trabalham em defesa da vida, da dignidade humana e das transformações por que precisa passar a sociedade;
·         Reconhecimento, valorização e acolhida dos jovens, com seus dons, aptidões e habilidades;
·        Resgate, valorização e proposição das identidades culturais das juventudes.


[15] CNBB. Evangelização da Juventude: Desafios e Perspectivas Pastorais – Doc. 85. São Paulo: Paulinas, nº 10, p. 15, 2007.
[16] Carta construída na 12ª Assembléia Diocesana da Pastoral da Juventude da Diocese de Barra do Pirai-Volta Redonda(RJ), 15 e 16 de dez/2007, no Centro Pastoral Diocesano em Arrozal, distrito de Pirai-RJ.

[17] CNBB. Marco Referencial da Pastoral da Juventude do Brasil – Doc. 76 (Doc. De Estudos).
[18] DICK, Hilário. O Divino no Jovem: Elementos Teologais para a Evangelização da Cultura Juvenil
[19] Conclusões da II Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano: A Igreja na atual transformação da América Latina à luz do Concílio, 1968, Medellín (Colômbia), n. 5.1
[20] Conclusões da III Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano: Evangelização no Presente e no Futuro da América Latina, 1979, Puebla, n. 1167/1168a
[21] Conclusões da IV Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano: Nova Evangelização, Promoção Humana e Cultura Cristã, 1992, Santo Domingo, n. 112a
[22] Conclusões da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe: Documento de Aparecida. CNBB/Paulus/Paulinas, Brasília/São Paulo, 2007, n. 446a/446e
[23] CNBB. Evangelização da Juventude: Desafios e Perspectivas Pastorais – Doc. 85. São Paulo: Paulinas, nº 51/52, págs. 39-40, 2007.
[24] CNBB. Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2008-2010) – Doc. 87, nº 127, 2008.
[25] Documento de Santo Domingo, n.114
[26] CNBB. Evangelização da Juventude: Desafios e Perspectivas Pastorais – Doc, 85. São Paulo: Paulinas, nº 51/52, págs. 39-40, 2007.


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